quarta-feira, 28 de março de 2012

Calendário de Abril



Calendário de Abril já atualizado, confira no link calendário (acima) e participe das atividades em que a igreja estará reunida!





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quinta-feira, 22 de março de 2012

A Incapacidade de Vir a Cristo


Robert Murray McCheyne

Quão surpreendente é a depravação do homem natural! As Escrituras nos ensinam isso abundantemente. Todo pastor fiel levanta a sua voz como uma trombeta, para mostrar isto às pessoas. E a primeira obra do Espírito Santo, no coração, é convencer do pecado. Na Palavra de Deus, não existe uma descoberta mais terrível sobre a depravação do homem natural do que estas palavras do evangelho de João. Davi afirmou: “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). Deus falou por meio do profeta Isaías (48.8): “Eu sabia que procederias mui perfidamente e eras chamado de transgressor desde o ventre materno”. E Paulo disse: “Éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.3). Mas nesta passagem de João somos informados de que a incapacidade do homem natural e sua aversão por Cristo são tão grandes, que não podem ser vencidas por qualquer outro poder, exceto o poder de Deus. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.44). Nunca houve um mestre como Cristo. “Jamais alguém falou como este homem” (Jo 7.46). Ele falava com muita autoridade, não como os escribas, mas com dignidade e poder celestial. Ele falava com grande sabedoria. Falava a verdade sem qualquer imperfeição. Seus ensinos eram a própria luz proveniente da Fonte de Luz. Ele falava com bastante amor, com o amor dAquele que estava prestes a dar a sua vida em favor de seus seguidores. Falava com mansidão, suportando a ofensa contra Ele mesmo vinda dos pecadores, não ultrajando quando era ultrajado. Jesus falava com santidade, porque era Deus “manifestado na carne”. Mas tudo isso não atraía os seus ouvintes. Nunca houve um dom mais precioso oferecido aos homens. “O verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá... Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede” (Jo 6.32, 35). O Salvador de que as pessoas condenadas necessitavam estava diante delas. Sua mão lhes foi estendida. Ele estava ao alcance delas. O Salvador ofereceulhes a Si mesmo. Oh! que cegueira, dureza de coração, morte espiritual e impiedade desesperadora existem na pessoa não-convertida! Nada pode mudá-la, exceto a graça do Todo-Poderoso. Oh! homem destituído da graça de Deus, seus amigos o advertem, os pastores clamam em voz alta, a Bíblia toda o exorta. Cristo, com todos os seus benefícios, é colocado diante de você. Todavia, a menos que o Espírito Santo seja derramado em seu coração, você permanecerá um inimigo da cruz de Cristo e destruidor de sua própria alma. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer.”

Quão invencível é a graça de Jeová! Nenhuma criatura tem o poder de atrair o homem a Cristo. Exibições, evidências miraculosas, ameaças, inovações são usadas em vão. Somente Jeová pode trazer a alma a Cristo. Ele derrama seu Espírito com a Palavra, e a alma sente-se alegre e poderosamente inclinada a vir a Jesus. “Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, no dia do teu poder” (Sl 110.3). “Acaso, para o SENHOR há coisa demasiadamente difícil?” (Gn 18.14.) “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina” (Pv 21.1). Considere um exemplo: um judeu estava assentado na coletoria, próxima à porta de Cafarnaum. Sua testa estava enrugada com as marcas da cobiça, e seus olhos invejosos exibiam a astúcia de um publicano. Provavelmente, ele ouvira falar de Jesus; talvez O ouvira pregando nas praias do mar da Galiléia. Mas seu coração mundano ainda permanecia inalterado, visto que ele continuava em seu negócio ímpio, assentado na coletoria. O Salvador passou por ali e, quando olhou para o atarefado Levi, disse-lhe: “Segue- me!” Jesus não disse mais nada. Não usou qualquer argumento, nenhuma ameaça, nenhuma promessa. Mas o Deus de toda graça soprou no coração do publicano, e este se tornou disposto. “Ele se levantou e o seguiu” (Mt 9.9). Agradou a Deus, que opera todas as coisas de acordo com o conselho da sua vontade, dar a Mateus um vislumbre salvador da excelência de Jesus; a graça caiu do céu no coração de Mateus e o transformou. Ele sentiu o aroma da Rosa de Sarom. O que significava o mundo agora para ele? Mateus não se importava mais com os lucros, os prazeres e os louvores do mundo. Em Cristo, ele viu aquilo que é mais agradável e melhor do que todas essas coisas do mundo. Mateus se levantou e seguiu a Jesus. Aprendamos que uma simples palavra pode ser abençoadora à salvação de almas preciosas. Freqüentemente, somos tentados a pensar que tem de haver algum argumento profundo e lógico, para trazer as pessoas a Cristo. Na maioria das vezes, colocamos nossa confiança em palavras altissonantes. No entanto, a simples exposição de Cristo aplicada ao coração pelo Espírito Santo vivifica, ilumina e salva. “Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos” (Zc 4.6). Se o Espírito age nas pessoas, estas simples palavras: “Segue a Jesus”, faladas em amor, podem ser abençoadas e salvar todos os ouvintes. Aprendamos a tributar todo o louvor e glória de nossa salvação à graça soberana, eficaz e gratuita de Jeová. Um falecido teólogo disse: “Deus ficou tão irado por Herodes não lhe haver dado glória, que o anjo do Senhor feriu imediatamente a Herodes, que teve uma morte horrível. Ele foi comido por vermes e expirou. Ora, se é pecaminoso um homem tomar para si mesmo a glória de uma graça tal como a eloqüência, quão mais pecaminoso é um homem tomar para si a glória da graça divina, a própria imagem de Deus, que é o dom mais glorioso, excelente e precioso de Deus?” Quantas vezes o apóstolo Paulo insiste, em Efésios 1, que somos salvos pela graça imerecida e gratuita? E como João atribui toda a glória da salvação à graça gratuita do Senhor Jesus — “Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados... a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” (Ap 1.5, 6). Quão solenes foram as palavras de Jonathan Edwards, em sua obra Personal Narrative (Narrativa Pessoal)! “A absoluta soberania e graça gratuita de Deus, em demonstrar misericórdia àquele para quem Ele quer expressar misericórdia, e a absoluta dependência do homem quanto às operações do Espírito Santo têm sido para mim, freqüentemente, doutrinas gloriosas e agradáveis. Estas doutrinas têm sido o meu grande deleite. A soberania de Deus parece-me uma enorme parte de sua glória. Tenho sentido deleite constante em aproximar-me de Deus e adorá-Lo como um Deus soberano, rogando-Lhe misericórdia soberana.”

terça-feira, 20 de março de 2012

LIBERALISMO E FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO - Augustus Nicodemus


Por Elvis Brassaroto Aleixo

Teólogo brasileiro respeitado e reconhecido por sua sólida contribuição acadêmica, Augustus Nicodemus é professor visitante de Novo Testamento no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPAJ), da Universidade Mackenzie. Doutorou-se em Hermenêutica e Estudos Bíblicos (Ph.D., NT) no Westminster Theological Seminary (1993). É Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro (S). E, também, autor de vários livros, entre eles: Calvino, o teólogo do Espírito Santo (1996), O que você precisa saber sobre batalha espiritual (1997), Calvino e a responsabilidade social da Igreja (1997), A Bíblia e a sua família (2001), O culto espiritual (2001) e A Bíblia e seus intérpretes (2004), além de diversos artigos acadêmicos. Na entrevista que segue, ele nos fala um pouco sobre assuntos que têm provocado polêmica entre os teólogos evangélicos: o liberalismo e o fundamentalismo teológico.

Defesa da Fé – O liberalismo teológico não surgiu do nada. Quais foram os acontecimentos históricos que preparam o caminho para o seu surgimento?

Profº Nicodemus – O liberalismo é, de muitas maneiras, um fruto do Iluminismo, movimento surgido no início do século 18 que tinha em seu âmago uma revolta contra o poder da religião institucionalizada e contra a religião em geral. As pressuposições filosóficas do movimento eram, em primeiro lugar, o Racionalismo de Descartes, Spinoza e Leibniz, e o Empirismo de Locke, Berkeley e Hume. Os efeitos combinados dessas duas filosofias — que, mesmo sendo teoricamente contrárias entre si, concordavam que Deus tem de ficar de fora do conhecimento humano — produziu profundo impacto na teologia cristã. Como resultado da invasão do Racionalismo na teologia, chegou-se à conclusão de que o “sobrenatural não invade a história”. A história passou a ser vista como simplesmente uma relação natural de causas e efeitos. O conceito de que Deus se revela ao homem e de que intervém e atua na história humana foram logo excluídos.

A fé cristã histórica sempre acreditou que os milagres bíblicos realmente ocorreram como narrados. Milagres como o nascimento virginal de Cristo, os milagres que o próprio Cristo realizou, sua ressurreição física dentre os mortos, os milagres do Antigo e Novo Testamentos, de maneira geral, são todos considerados fatos.

O teólogo liberal, por sua vez, e os neo-ortodoxos fazem distinção entre historie (história, fatos brutos) e heilsgeschichte (história santa, ou história salvífica), criando dois mundos distintos e não conectados: o mundo da história bruta, real, factível e o mundo da fé, da história da salvação. Temas como criação, Adão,
queda, milagres, ressurreição, entre outros, pertencem à história salvífica e não à história real e bruta. Para os liberais e os neo-ortodoxos, não interessa o que realmente aconteceu no túmulo de Jesus no primeiro dia da semana, mas, sim, a declaração dos discípulos de Jesus que diz que Jesus ressuscitou. Assim, o que eles querem afirmar com isso é bastante diferente daquilo que a fé cristã histórica acredita. Na verdade, eles consideram que os relatos bíblicos dos milagres são invenções piedosas do povo judeu e dos primeiros cristãos, mitos e lendas oriundos de uma época pré-científica, quando ainda não havia explicação racional e
lógica para o sobrenatural.

Defesa da Fé – O alemão J. Solomon Semler distinguiu a “Palavra de Deus” da “Escritura”, e esse é um dos princípios que norteiam o liberalismo teológico. O senhor poderia nos esclarecer um pouco mais sobre essa distinção?

Profº Nicodemus – Por detrás desta declaração de Semler está a crença de que a Escritura contém erros e contradições, lado a lado com aquelas palavras que provêm de Deus. Desta declaração, percebe-se também os pressupostos racionalistas do Iluminismo quanto à impossibilidade do sobrenatural na história.
Partindo desses pressupostos teológicos, os críticos iluministas se engajaram na busca da Palavra de Deus que, supostamente, estava dentro da Escritura, misturada com erros e contradições. Essa busca se tornou o objetivo do método histórico-crítico, que é fazer a separação entre essas duas coisas, por meio da exegese “científica”, e descobrir a Palavra de Deus dentro do cânon da Bíblia. O subjetivismo inerente aos critérios utilizados para reconhecer a Palavra de Deus dentro do cânon fez que os resultados fossem completamente díspares. Até hoje, não existe um consenso do que seria a Palavra de Deus, dentro do cânon, reconhecida e aceita pelos próprios críticos.

Defesa da Fé – Quais são as implicações mais prejudiciais dessa diferença para o cristianismo?

Profº Nicodemus – O problema que os evangélicos e conservadores sempre tiveram com essa diferenciação e com o método histórico-crítico que surgiu dela é que ambos pressupõem, desde o início, o direito que o crítico tem de emitir juízos sobre as afirmações bíblicas como sendo ou não verdadeiras. Para os críticos liberais, interpretar a Bíblia historicamente significava, quase que por definição, reconhecer que a Bíblia contém contradições. Para eles, qualquer abordagem hermenêutica deixa de ser histórica se não aceitar essas contradições. Em resumo, concordar que a Bíblia não era totalmente confiável se tornou um dos princípios operacionais do liberalismo e de seu “método histórico-crítico”. Tal desconfiança se percebe, por exemplo, nas declarações de Ernest Käsemann, um dos críticos recentes mais proeminentes. Seu desejo é “distanciar-se da superstição incompreensível de que no cânon [bíblico] somente a fé genuína se manifesta”. Para ele, “a Escritura, à qual as pessoas se rendem de maneira não-crítica, não leva somente à multiplicidade de confissões, mas também a uma confusão indistinguível entre fé e superstição”.

Essas declarações de Käsemann representam bem o pensamento liberal sobre a Bíblia.

Defesa da Fé – Em face disso tudo, quem é Jesus para os teólogos liberais? É Deus salvador?

Profº Nicodemus – Segundo Bultmann, um dos maiores liberais de épocas recentes, a única coisa histórica no credo apostólico é a declaração “Cristo padeceu sob Pôncio Pilatos”. As demais declarações são todas invenções da fé criativa da Igreja primitiva. O Jesus histórico foi uma pessoa normal, filho de Maria e, talvez, de José, que ganhou status de Salvador, Messias e Deus por meio da fé dos discípulos e, particularmente, de Paulo. Na realidade, segundo os liberais, Jesus teria sido um profeta, um contador de histórias, um lutador contra as desigualdades, um homem sábio, entre outras versões. Todas elas concordam, porém, que Jesus não era divino, não ressuscitou dos mortos e nunca se proclamou Filho de Deus e Messias.

Defesa da Fé – Há, também, a questão do mito fundante que afirma que Adão não existiu. Mito esse que, às vezes, tenta conciliar evolucionismo com criacionismo. Como o liberalismo lida com o livro de Gênesis?

Profº Nicodemus – Os liberais acreditam que a Igreja Cristã se perdeu completamente na interpretação da Bíblia através dos séculos e que somente com o advento do Iluminismo, do racionalismo e das filosofias resultantes é que se começou a analisar criticamente a Bíblia e a teologia cristã, expurgando-as dos alegados mitos, fábulas, lendas, acréscimos, como, por exemplo, os mitos da criação e do dilúvio e de personagens inventados como Adão e Moisés, etc. Por considerar os relatos da criação, da formação de Adão e sua queda como mitos, os liberais tratam o livro de Gênesis como uma produção da fé de Israel escrita com o propósito de legitimar a posse e a permanência de Israel na terra. Acreditam que Gênesis foi redigido em sua forma final no período do exílio babilônico, por um editor que colecionou e colou juntos relatos díspares sobre a criação, a história do dilúvio, etc. Por não considerarem histórico o relato da criação, os liberais são, por via de regra, evolucionistas. Alguns acreditam que Deus criou o mundo mediante o processo da evolução. Mas, no geral, descartam completamente a idéia de uma criação do mundo e do homem ex nihilo, do nada, pela palavra do seu poder.

Defesa da Fé – Em sua avaliação, o liberalismo pode ser apontado como um dos fatores responsáveis pela adesão às causas pró-homossexualidade que adentraram em muitas igrejas dos EUA e que já começaram a grassar no Brasil?

Profº Nicodemus – Sim, mas sem generalizar. Uma vez que a Bíblia é vista como reflexo da fé e da crença do povo de Israel e dos primeiros cristãos, e não como Palavra infalível de Deus, os valores e os conceitos que ela traz são vistos como culturalmente condicionados e irrelevantes aos tempos modernos, em que os valores são outros. Dessa forma, o que a Bíblia diz, por exemplo, sobre a prática homossexual, é interpretado pelos liberais como fruto da cultura da época, que não sabia que a homossexualidade é uma opção sexual, e também que as pessoas nascem geneticamente determinadas à homossexualidade. Em igrejas onde a ética da Bíblia é vista como ultrapassada, fica aberta a porta para a conformação da ética da Igreja à ética do mundo.

Defesa da Fé – Em que sentido podemos dizer que a teologia liberal promoveu o (macro) ecumenismo? O liberalismo chega a ponto de validar sistemas de crenças díspares do cristianismo?

Profº Nicodemus – Para o liberalismo clássico, inspirado por F. Schleiermacher, religião era simplesmente “o sentimento e o gosto pelo infinito” e consistia, primariamente, em emoções. A experiência humana marcava os limites do que se podia especular acerca da realidade. O essencial do sentimento religioso é o senso de dependência de Deus, que produz consciência ou intuição da sua realidade. Fé e ação eram coisas secundárias. O sentimento religioso é algo universal, isto é, cada ser humano é capaz de experimentá-lo. É esse sentimento que dá validade às experiências religiosas e que torna o ecumenismo possível. Uma vez que se entende que religião é basicamente o gosto pelo infinito, e que encontramos esse gosto em todas as religiões, temos aí a base para dizer que todas as religiões são iguais e querem a mesma coisa, diferindo apenas na maneira como pretendem alcançar esse alvo. O macroecumenismo é filho do liberalismo teológico.

Defesa da Fé – Considerando o ciclo da criação e recepção teológica (Europa, América do Norte e América do Sul), o senhor julga que o liberalismo pode ter decretado a decadência da Igreja evangélica na Europa?

Profº Nicodemus – Creio que esse seja um dos fatores, mas outros poderiam também ser apontados, como, por exemplo, a secularização da vida e da sociedade européia, o materialismo e o abandono dos princípios do cristianismo em todas as áreas da vida. Até mesmo igrejas que não são liberais têm dificuldade em se manter na Europa de hoje. Todavia, o liberalismo teológico é responsável pelo esvaziamento das igrejas históricas e tradicionais, mas não necessariamente pela secularização do continente como um todo.

Defesa da Fé – Já é possível mencionar alguns de seus efeitos mais notáveis na América Latina e, mais especificamente, no Brasil?

Profº Nicodemus – Sim, sem dúvida. Mas o liberalismo teológico que chegou em nosso país já chegou com formas e propostas diferentes, associado, por exemplo, com a teologia da libertação. Os cursos de teologia oferecidos em universidades seculares ou em universidades teológicas sem nenhum compromisso com a infalibilidade das Escrituras são a porta de entrada do liberalismo em nosso país. O que se percebe claramente é a busca, por parte dos evangélicos, da respeitabilidade acadêmica oferecida pela academia secular. Isso tem feito que o “evangelicalismo” submeta suas instituições teológicas de formação pastoral aos padrões educacionais do Estado e das universidades. Esses padrões, ao contrário do que se pensa, não são cientificamente neutros. São comprometidos metodológica, filosófica e pedagogicamente com a visão humanística e secularizada do mundo. Os cursos de teologia e ciências da religião oferecidos pelas universidades são, geralmente, dominados pelo liberalismo teológico e pelo método histórico-crítico. Com a busca acentuada por um diploma de teologia reconhecido, os evangélicos correm o risco de sacrificar seu compromisso com as Escrituras em troca de qualidade científica prometida e oportunidade de emprego.

Defesa da Fé – Muito dessa discussão permeou as denominações de confissão histórica. Seria correto afirmar que as denominações pentecostais ficaram isentas de problemas com o liberalismo?

Profº Nicodemus – Absolutamente não. Hoje, um dos maiores defensores do teísmo aberto em nosso país – ideologia que nega a soberania de Deus e a sua onisciência – é pentecostal. Por não terem investido, no passado, em uma boa educação teológica de seus pastores e obreiros, muitas igrejas pentecostais, hoje, têm um tremendo passivo teológico. Várias delas têm sucumbido ao liberalismo teológico quando enviam seus obreiros para serem preparados em cursos de teologia e ciências da religião comprometidos com o método histórico-crítico. Esses obreiros voltam para as igrejas com a cabeça completamente virada e, às vezes, não crêem em mais nada. Julgo que o liberalismo foi nocivo e atingiu tanto os tradicionais como os pentecostais.

Defesa da Fé – Falando, agora, sobre o fundamentalismo, em que termos essa corrente contribuiu para promover a apologética, na medida em que se opôs ao liberalismo?

Profº Nicodemus – O fundamentalismo histórico nasceu em defesa da fé cristã, ameaçada, na época, pelo liberalismo teológico. Portanto, o fudamentalismo foi um movimento apologético de defesa da fé, porque entendia que a tarefa da Igreja cristã era defender a fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. Nesse aspecto, é positiva a disposição de se lutar em favor da fé bíblica, identificando inimigos potenciais do cristianismo, como o liberalismo teológico, o humanismo, o evolucionismo e o “evangelicalismo”, que tem, gradualmente, abandonado a doutrina da infalibilidade da Escritura e adotado o ecumenismo e o evolucionismo teísta.

Defesa da Fé – Em sua análise, é impossível encontrar algum legado positivo do liberalismo à Igreja evangélica?

Profº Nicodemus – Citaria que muitos estudiosos liberais contribuíram bastante para o avanço do nosso conhecimento acerca do mundo do Antigo e do Novo Testamento e para a nossa consciência da importância da cosmovisão oriental na formação do mundo dos autores da Bíblia. Liberais como Bultmann contribuíram para o estudo das religiões do período neotestamentário, quando do surgimento do cristianismo, embora suas conclusões sejam inaceitáveis para estudiosos comprometidos com a infalibilidade da Bíblia. Essas contribuições, todavia, ajudam a Igreja evangélica apenas indiretamente.

Em termos de contribuição direta para a Igreja evangélica, a resposta é negativa. O liberalismo nunca plantou igrejas, nunca aumentou número de membros e muito menos a receita financeira das igrejas. Só conseguiu reproduzir outros liberais, os quais, por sua vez, precisavam, também, sobreviver. O liberalismo teológico sempre teve de achar um hospedeiro que pudesse sugar até que o mesmo morresse, drenado. O liberalismo sobreviveu muitos anos à custa do esforço missionário, do zelo expansionista e do sacrifício financeiro dos cristãos bíblicos, que fundaram igrejas, criaram organizações, ajuntaram fundos missionários e
abriram escolas teológicas, e todas elas, depois, foram ocupadas pelos liberais. O liberalismo plenamente desenvolvido não fundou novas denominações, não abriu novas igrejas, não inaugurou novos campos missionários e não abriu novas escolas. Não conheço nenhum curso de teologia hoje nos Estados Unidos e na Europa que seja liberal e que funcione numa universidade que tenha sido criada por liberais. Harvard, Union, Princeton, Yale, Amsterdã, Oxford... todas foram criadas por conservadores das mais diferentes linhas. O caráter parasitário do liberalismo teológico se deveu ao fato de que os liberais não acreditavam em evangelismo e missões. Os liberais sugaram a herança organizacional eclesiástico-financeira de Calvino, Lutero, Wesley e dos puritanos. 

Defesa da Fé – E o que dizer do fundamentalismo? O senhor mencionaria algo nesse movimento que consideraria prejudicial?

Profº Nicodemus – Sim, cito negativamente o fundamentalismo como movimento separatista do erro teológico como único meio de preservar a verdade cristã. Sob esse aspecto, o fundamentalismo crê que não pode haver associação com igrejas, denominações e indivíduos que neguem os pontos fundamentais do cristianismo. O separatismo nem sempre é o caminho para batalharmos pela fé histórica. O fundamentalismo nem sempre consegue conviver com diferentes opiniões, mesmo em questões que não afetam os pontos fundamentais da fé, e acaba tratando com desconfiança irmãos conservadores que concordam com os pontos fundamentais, mas divergem em outras questões. Penso que setores do fundamentalismo desenvolveram uma síndrome de conspiração mundial para o surgimento do reino do anticristo por meio do ocultismo, da tecnologia, da mídia, dos eventos mundiais, das superpotências, além de uma mentalidade de censura e apego a itens periféricos como se fossem o cerne do evangelho e critério de ortodoxia (por exemplo, só é bíblico e conservador quem usa versões da Bíblia baseadas no Texto Majoritário; quem não assiste desenhos da Disney e não vê Harry Potter).

Defesa da Fé – Deixe uma mensagem aos leitores de Defesa da Fé que nos acompanharam nesta entrevista.

Profº Nicodemus – Minha mensagem é de apego às Escrituras como a infalível e inerrante Palavra de Deus. Para mim, esse é o ponto central em toda essa discussão sobre “fundamentalistas versus liberais”. Podemos errar em vários pontos, mas se temos uma atitude de respeito, amor e apego à Palavra de Deus, iremos nos submeter à correção que vem dela e corrigiremos os rumos. Uma vez que sua autoridade é questionada e sua autoridade minada, perderemos os referenciais e nos afastaremos mais e mais do cristianismo verdadeiro.

domingo, 18 de março de 2012

Os Perigos da Irrealidade do Computador


Por John Piper

Cinco resoluções

Há apoio bíblico para as resoluções pessoais? Algo bem próximo disso é o conceito de fazer e cumprir votos. “Fazei votos e pagai-os ao senhor, vosso Deus” (Salmos 76.11). Como todas as demais coisas valiosas, podemos abusar disso e torná-la uma negociação presunçosa com o Todo-Poderoso. Mas não deve ser assim.

Podemos examinar nosso próprio coração, reconhecer a fraqueza da carne e dizer ao Senhor: “Sei que, entregue a mim mesmo, farei uma bagunça de minha vida. Não creio que tenho, em mim mesmo, a capacidade de cumprir as promessas e votos que faço ao Senhor. Agradeço-Te pela promessa bíblica de que Tu encherás meu coração de temor, para que eu não Te abandone (Jeremias 32.40), e de que Tu realizarás em mim o que é agradável diante de Ti (Hebreus 13.21). Creio que um dos instrumentos mais simples que estabelecestes para guardar-me de pecar é o fazer votos. Por favor, mostra-me quando isso é conveniente e dá-me graça para eu cumprir o que prometo”.
Em seguida, apresento cinco perigos do computador e cinco resoluções (ou votos) que todos devemos fazer.

1. Perigo: a armadilha da curiosidade constante

O computador pessoal oferece intermináveis possibilidades de descobertas. Até o ambiente básico de um sistema operacional pode consumir horas, dias e semanas de digitação e investigação curiosa. Sistema de cores, protetores de tela, atalhos, ícones, configurações, gerenciamento de arquivos, calculadora, relógio, calendário. Além disso, existem os inúmeros softwares que consomem semanas de nosso tempo, enquanto nos seduzem a examinar sua complexidade. Tudo isso é bastante enganador, dando-nos a ilusão de poder e eficiência, mas deixando-nos com o sentimento de vazio e nervosismo, ao final do dia.
      Resolução: limitarei estritamente meu tempo de experiência no computador e me dedicarei mais à verdade do que à técnica.

2. Perigo: o mundo vazio da (ir)realidade virtual

Quão triste é ver pessoas inteligentes e criativas desperdiçando horas e dias de sua vida criando cidades, exércitos e aventuras que não têm nenhuma conexão com a realidade. Temos uma vida para viver. Todos os nossos poderes nos foram dados pelo Deus real, a fim de serem usados no mundo real, que nos leva ao céu real ou ao inferno real.
       Resolução: gastarei minha energia construtiva e criativa não na irrealidade da “realidade virtual”, e sim na realidade do mundo real.

3. Perigo: relações “pessoais” com meu computador

Diferentemente de qualquer outra invenção, o computador pessoal é quase semelhante a uma pessoa. Você joga contra ele. Há programas que conversarão com você sobre a sua personalidade. O computador falará com você; sempre estará à sua disposição. É mais esperto do que seu cachorro. O grande perigo é que nos sentimos realmente à vontade com essa “pessoa” eletrônica e administrável e, pouco a pouco, nos afastamos dos relacionamentos imprevisíveis, frustrantes e, às vezes, dolorosos com pessoas humanas.
       Resolução: não substituirei o risco dos relacionamentos pessoais pela segurança eletrônica e impessoal.

4. Perigo: o risco da paixão secreta

Casos sexuais começam em momentos de privacidade, quando as pessoas estendem a conversa e compartilham sua alma. Isso pode acontecer na absoluta reclusão de sua correspondência eletrônica particular. Pode ser imediato e “ativo” ou demorado e “recordado”. Você pode imaginar que “isso não é nada” — até que ele ou ela aparece em sua cidade. Isso já aconteceu tantas vezes.
         Resolução: não cultivarei um relacionamento pessoal com alguém do sexo oposto, além de minha esposa. Se eu sou solteiro, não cultivarei esse relacionamento com a esposa de outrem.

5. Perigo: a pornografia eletrônica

Mais insidiosa do que os vídeos censurados como impróprios para menores de 18 anos, podemos não somente assistir, mas também nos unirmos à perversidade na privacidade de nosso escritório. A pornografia interativa lhe permitirá “praticá-la” ou levá-los a “praticá-la” com o seu mouse. Nunca a vi. Nem jamais tive essa intenção. A pornografia eletrônica mata a alma. Afasta-nos de Deus. Despersonaliza as pessoas. Abafa a oração. Ignora a Bíblia. Barateia a alma. Destrói o poder espiritual. Corrompe tudo.
        Resolução: nunca abrirei qualquer programa para obter estímulo sexual; não comprarei, nem descarregarei ao meu computador qualquer material pornográfico.

Computadores, a Internet e o e-mail são dons notáveis de Deus. Sim. Mas, são também ameaças aos nossos compromissos, nossos corações e nossas famílias — assim como o são o telefone, o rádio, a televisão e os inúmeros jogos eletrônicos. Todos os dons de Deus podem ser transformados em ídolos e armas de rebelião contra o Doador. Mas não deve ser assim.

Em vez disso, devemos perguntar como o salmista: “Que darei ao senhor por todos os seus benefícios para comigo?” (Salmos 116.12) E devemos responder, como ele o fez: “Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do senhor. Cumprirei os meus votos ao senhor, na presença de todo o seu povo” (vv. 13-14).


segunda-feira, 12 de março de 2012

O Mundo Pós-Moderno


Sheila Fabre
Passado o furor gerado pela revolução feminista, nós, mulheres pós-modernas, que dispensamos atitudes rebeldes como a de queimar sutiãs em praça pública, já que podemos tranqüilamente os abandonar no fundo da gaveta, vivemos um período de angústia existencial. Com os peitinhos livres debaixo da camisa e anticoncepcional no bolso, a invasão empreendida no território tradicionalmente masculino deixou de ser uma atitude espantosa e fazer as coisas acontecer não é mais a palavra de ordem atual. O grande lance ficou por conta da administração das conquistas e, sobretudo, das perdas que a revolução feminista ocasionou. E agora, José? Tomando coragem e fôlego para contabilizar vitórias e fracassos, o momento exige que lancemos mão da propalada educação emocional a fim de organizar pacientemente num canto os escombros restantes dos velhos padrões e alicerçar, em outro, a base dos novos — separar, enfim, o entulho dos tijolos reutilizáveis e dar um destino coerente para ambos.
A tarefa parece árdua e reveladora à medida que percebemos que estamos mais preparadas para a vida lá fora e menos aptas para a vida no lar, que lidar com softwares, hardwares, aplicações financeiras, compras de carros, imóveis torna-se mais fácil do que tratar da família. A situação se mostra ainda mais desalentadora quando, em contrapartida, constatamos que desaprendemos a cozinhar, a educar os filhos, a contar histórias e a aconselhar.
O lar está perdendo seu sentido semântico primordial, que era o lugar onde, antigamente, no início da civilização, os familiares costumavam se reunir ao redor do fogo para se aquecer. No mundo dito civilizado cada um janta na hora que sente fome. Nós, mulheres, parimos tarde. Passamos a fumar muito, beber exageradamente e a sofrer do coração. Assimilamos as piores características masculinas e nos tornamos liberais, esquecendo que o corpo que diz muito prazer a inúmeros desconhecidos abrigará um dia o filho desejado. Coisas tão dissonantes e difíceis de serem conciliadas... Vemos então, pesarosas, que a cada degrau que subimos na escada do progresso encontramos munição para nos armarmos mais na área profissional e, paradoxalmente, estarmos menos protegidas no setor afetivo. Aprendemos a ir à luta e atacar, a buscar alimento, mas desaprendemos a defender a cria.
Acreditando ingenuamente que os tais direitos iguais nos trariam subsídios para todas as áreas da vida, fomos construindo moldes que nos dessem parâmetros, que nos fornecessem noções de limites e liberdade. Ainda com a massa no forno, fomos nos dando conta de que tudo ficava apertado demais para nos conter — a bem da verdade, insuportável. E, nos últimos instantes, o preparado começou a crescer demais e a fôrma não pôde comportar o excesso. Resultado: a maçaroca se derramou e, sem outra alternativa disponível, teríamos então de a engolir e servir aos nossos descendentes.
Uma vez concluído o processo de cozimento, colocamos cuidadosamente a fôrma em cima da pia e ficamos observando, desconfiadas, a coisa pronta. O que fazer com aquilo? Queríamos um prato quente e saboroso e acabamos desenformando algo sem valor nutritivo. Erramos na mão e temos de assumir isso. Viramos o machismo do avesso em nome do feminismo e achamos o máximo. Fizemos tudo o que era necessário para manter colado o rótudo de “bem-sucedida e independente”. Será que valeu a pena?
A mulher, hoje, em sua grande maioria, trabalha para o próprio sustento e ajuda no orçamento da casa. Essa foi uma boa conquista. Porém, nos dias de cólica menstrual, precisa tomar um analgésico e agüentar o tranco sem demonstrar dor nem se irritar. Ora, pra que existem maquiagem e calmante? Essa foi uma conseqüência ruim. Também não é permitido ter transbordamentos emocionais quando se recebe uma promoção nem deixar rolar uma lágrima furtiva ao ouvir uma notícia triste durante o expediente: antes de tudo, somos profissionais forjadas nos padrões masculinos — que chorem depois das cinco e meia então, oras bolas, nos dizem. E de repressão em repressão, vamos vivendo nosso calvário sabe-se lá em direção a que cruz, passando a consumir e ser consumidoras de idéias impostas pela mídia, repreender e ser repressoras. Somos nossas maiores algozes. Parimos quando a empresa permite e criamos nossos filhos a deus-dará, deixando a educação deles sob a responsabilidade de empregados que muitas vezes não têm o primeiro grau.
E, lançando o olhar para um passado não muito distante, percebemos que um dia saímos aliviadas e lépidas da guarda do pai, nos livramos das garras dominadoras do marido, demos nosso grito de liberdade sem saber que estávamos prestes a cair nas teias envolventes da mídia, que passou a ditar todos os comportamentos atuais.
Do caldeirão para a caldeirinha, passamos a viver sob a regra vigente e indiscutível que manda substituir as glândulas mamárias por silicone, lipoaspirar o excedente e não envelhecer. O espaço para o ser humano íntegro foi se tornando cada vez menor. Não há mais tempo para a vida e seus desdobramentos naturais. Os deliciosos bolos fresquinhos de domingo à tarde foram substituídos por sonhos industrializados comprados na padaria da esquina; as conversas com a mãe foram trocadas pelo chat com algum estranho na telinha do computador, porque o pouco tempo que conta não é o real, mas o virtual. Nós, mulheres pós-modernas, exigimos o melhor de tudo e de todos, e os homens, inseguros, ficaram perdidos no meio da confusão de novos valores: dá-lhe Viagra para conter os ímpetos dessa mulherada ensandecida por resultados. Então, a palavra do momento passou a ser funcionar, apresentar soluções satisfatórias. O processo para chegar lá não importa, o que vale são as soluções — e elas têm de vir rapidamente. Você as têm? Para quem está interessado no assunto e quer vislumbrar toda essa aflição, o filme Um dia especial, com Michelle Pfeiffer e George Clooney, é uma boa dica, já que retrata com muita sensibilidade a pouca dedicação à vida particular e à família. O desfecho, como você bem pode imaginar, dados os artistas em questão, é água-com-açúcar, mas o conteúdo deixa um sabor agridoce.
Cabe agora a nós, ícones do pós-modernismo, rever os conceitos feministas com discernimento, fazer um balanço dos prós e contras de toda essa revolução que nos empurrou para o universo masculino e tentar inserir nele, ainda que de modo sutil, o elemento feminino. Cabe a nós, sobretudo, nos conscientizarmos de que ainda está em nossas mãos formar o ser humano íntegro, que transitará pelo mundo futuro que já desponta, e entender que, para os homens e as mulheres de amanhã serem pessoas minimamente dignas e equilibradas, eles vão precisar do contato humano, do direcionamento real que só a família pode oferecer com segurança. E assim, quem sabe, reestruturando de modo mais coerente nossos papéis no mundo, vidas serão retiradas da marginalidade e conflitos e guerras serão apenas uma triste lembrança do que foi um dia a pré-história emocional da humanidade.
Matéria publicada em 01/10/2000   - Edição Número 14 – jornal eletrônico de Campinas.

sábado, 10 de março de 2012

Distorcendo a Missão da Igreja

Por John MacArthur 

Em nossos dias, o mundanismo raramente é mencionado e, menos ainda, identificado com aquilo que ele realmente é. A própria palavra começa a soar como algo antiquado. Mundanismo é o pecado de permitir que os apetites, as ambições ou a conduta de alguém sejam moldados de acordo com os valores do mundo. 
"Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; mas aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente" (1 Jo 2.16,17). Apesar disso, nos dias de hoje, presenciamos extraordinário espetáculo de programas de igreja elaborados explicitamente com o objetivo de satisfazer os desejos carnais, os apetites sensuais e o orgulho humano — "a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida". E, para satisfazerem esse apelo mundano, as atividades das igrejas vão além do que é meramente frívolo. Durante vários anos, um colega meu vem formando o que ele chamou de "arquivo de horror" — recortes falando de igrejas que estão lançando mão de inovações, a fim de evitar que seus cultos de adoração se tornem monótonos. Nos últimos cinco anos, algumas das maiores igrejas dos Estados Unidos têm se utilizado de recursos mundanos, tais como comédia "pastelão", peças cómicas entremeadas de música, exibições de luta livre e até mesmo imitações de strip-tease, para tornar um pouco mais atrativas suas reuniões dominicais. Nem um tipo de grosseria, ao que tudo indica, é ultrajante o suficiente para não ser trazida para dentro do santuário. O entretenimento está rapidamente se tornando a liturgia da igreja pragmática. Além do mais, muitos na igreja crêem que essa é a única forma pela qual haveremos de alcançar o mundo. Por isso, dizem-nos que, se as multidões de pessoas que não frequentam as igrejas não querem ouvir pregações bíblicas, devemos dar-lhes aquilo que desejam. Centenas de igrejas têm seguido à risca essa teoria, chegando a pesquisar os incrédulos a fim de saber o que é preciso para que estes passem a frequentá-las. Sutilmente, em vez de uma vida transformada, é a aceitação por parte do mundo e a quantidade de pessoas presentes aos cultos o que vem se tornando o alvo maior da igreja contemporânea. Pregar a Palavra e confrontar ousadamente o pecado são vistos como coisas antiquadas, meios ineficazes de se alcançar o mundo. Afinal de contas, não são essas coisas que afastam a maioria das pessoas? Por que não atraí-las para a igreja, oferecendo-lhes o que desejam, criando um ambiente confortável e amigável, nutrindo-lhes os desejos que constituem seus impulsos mais fortes? É como se, de alguma forma, conseguíssemos que elas aceitassem a Cristo, tornando-O, de algum modo, mais agradável ou tornando a mensagem dEle menos ofensiva. Essa maneira de pensar distorce por completo a missão da igreja. A Grande Comissão não é um manifesto de marketing. O evangelismo não requer vendedores, e, sim, profetas. É a Palavra de Deus, e não qualquer sedução mundana, que planta a semente que produz o novo nascimento (1 Pe 1.23). Nada ganharemos, senão o desprazer de Deus, se procurarmos remover o escândalo da cruz (Gl 5.ll).

terça-feira, 6 de março de 2012

Serviço cristão - C.J.Mahaney


Só Jesus veio para dar a sua vida como resgate pelos pecados de muitos – e isto o separa de qualquer serviço sacrificial que outras pessoas, em qualquer lugar, possa oferecer. Nisto encontramos o que é completo, único e categoricamente peculiar ao Salvador e seu exemplo. Na humildade verdadeira, o serviço que prestamos aos outros é tanto um efeito do sacrifício único de Jesus, quanto a evidência dele. Só o seu sacrifício possibilita que alcancemos e experimentemos a verdadeira grandeza aos olhos de Deus.

Donald English expressa isso da seguinte maneira: “Todo serviço cristão tem, em sua origem, o Senhor crucificado e ressurreto, o qual morreu a fim de nos libertar para tal serviço.” É por isso que todo serviço cristão não só reflete o exemplo do Salvador, mas também deveria nos lembrar do seu sacrifício. Finalmente, nosso serviço existe para colocar em evidência essa fonte – nosso Senhor crucificado e ressurreto, que deu a si mesmo como resgate por todos nós.

Citado de: Mahaney, C.J., Humildade a Verdadeira Grandeza, ed. Fiel, SP, 2008, pgna 43 e 44

domingo, 4 de março de 2012

Noticias Família Campos - Fevereiro 2012


“Orgulhar-se no que os olhos vêem não é próprio da fé, mas confiar no que a Palavra revela” (Lutero)

Queridos irmãos,

É com alegria que enviamos notícias!
  
Finalmente o inverno está terminando por aqui. Foram 4 meses de frio intenso e, pela graça de Deus, a primavera está chegando.

Oportunidades de testemunho

O Senhor segue abrindo portas para semearmos. Nestes últimos dias pude testemunhar de forma bem clara para dois muçulmanos que jamais tinham escutado acerca do Evangelho. Nós semeamos, mas o Senhor é quem dá o crescimento. Também tivemos a oportunidade de semear fornecendo diversas literaturas bíblicas aos nativos. Por favor, orem para que o Senhor continue se revelando aos muçulmanos com os quais temos contato, nos dando o privilégio de fazer parte da Sua obra neste país.

Sara

Agradecemos pelas orações em favor da Sara.  Fizemos uma entrevista em uma escola e o Senhor abriu as portas para a mudança. Ela vinha passando por momentos difícil na escola, presenciando cenas de violência. A partir dessa semana ela começa em outra escola, da qual temos boas referências. Louvamos a Deus por esta oportunidade!

Agradecemos o apoio constante e orações.

Continuaremos aqui, juntamente com vocês que participam conosco, desfrutando do privilégio de servir ao Senhor, pregando o Evangelho nesta terra.

Juntos servindo ao Cordeiro de Deus...

Com carinho e muita saudade...    

No amor de Cristo,

Família Campos

Servindo ao Senhor na evangelização do povo muçulmano no Norte da África.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Carta Agradecimento - Família Machado


Um singelo, mas importante recado à igreja de Deus que está em Extrema, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para serem santos, como todos os que em todos os lugares desta cidade invocam o nome do Senhor Jesus. Graça e paz!

Olá queridos amigos e verdadeiros irmãos, queremos manifestar a nossa imensa gratidão pela vida de cada um de vocês.

Recebemos a oferta que vocês nos enviaram e com a graça de Deus manifestada através das vossas vidas, conseguimos quitar todas as nossas pendencias financeiras referentes a este início de ano, especialmente neste mês de fevereiro.

Somos gratos a Deus por esta igreja por que sabemos que em vocês nos temos um suporte financeiro, emocional e espiritual. Agradecemos a cada irmão que tem orado pelas nossas vidas e saibam que sempre temos orado pela vida dos irmãos.

Citando a paráfrase de 1Co 1.2 mencionada a cima, lembrem-se que vocês foram chamados para serem santos. E vocês manifestaram este chamado à santidade através deste simples cuidado com uma simples família de seminaristas de sua importante igreja. Glória a Deus por tudo!

Seguimos aqui em Atibaia, dando sequência aquilo que entendemos ser fundamental para um efetivo trabalho missionário e pastoral.

Se tudo der certo, na páscoa estaremos com os irmãos.

Um grande, apertado e caloroso abraço de nossa família. 

No amor de Cristo;

Alex e Thais

 “ANUNCIAI ENTRE AS NAÇÕES A SUA GLÓRIA, ENTRE TODOS OS POVOS AS SUAS MARAVILHAS” I CR 16:24