quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Bispo pentecostal sugere "desintoxicação" em igrejas históricas

Quinta-feira, 12 de julho de 2012 (ALC) - "Desligue-se da televisão evangélica" é a admoestação do bispo Walter McAlister, da Igreja Cristã Nova Vida, de linha pentecostal, sugerindo que fiéis façam uma "desintoxicação" dos hábitos neopentecostais frequentando templos de igrejas históricas.
Ele propõe que para a desintoxicação o crente busque uma igreja tradicional, como batistas, presbiterianos, metodistas e congregacionais, que são, na sua grande maioria, mais dedicados ao estudo das Escrituras.
"Ache uma", recomenda em seu site. "Digo isso não porque seja necessariamente a igreja que você vai frequentar pelo resto da vida. Mas encare isso como parte de sua 'desintoxicação'".
Um dos pecados de igrejas neopentecostais é "o abuso ou o abandono das Sagradas Letras", aponta o bispo. "Usam frases feitas, adesivos, chavões e uma cultura interna massacrante de autoajuda e pensamento positivo", assinala.
Ou seja, não fazem teologia. O argumento de que não precisam de teologia, só de Jesus, "é um apelo à ignorância e não acrescenta nada à nossa vida espiritual". Teologia, define McAlister, é a linguagem da Igreja, é a formação de conceitos corretos e bíblicos. "É a maneira pela qual os pensadores organizaram o conhecimento bíblico e o traduziram à prática e ao culto cristão".
O bispo explica, no site, porque não indica a sua própria igreja para a "desintoxicação": quando nesse processo, é preciso "se afastar de tudo o que pode te levar de volta ao vício. Toda e qualquer igreja pentecostal, inclusive a nossa, usa termos, jargões e conceitos que trazem ligeira semelhança com os do neopentecostalismo, mesmo que não sejamos neopentecostais".
Na França, o Conselho Nacional dos Evangélicos (CNEF) publicou documento em que classifica a teologia da prosperidade, proclamada por igrejas neopentecostais, como uma distorção da mensagem cristã, informa o jornal "La Croix".
 
A teologia da prosperidade, diz o documento, "instrumentaliza" Deus, colocando-o a serviço da prosperidade do fiel". Entrevistado pelo jornal, o pastor batista Thierry Huser frisou que essa teologia ignora "toda a pedagogia de Deus na nossa vida, que às vezes quer nos dar ensinamentos a partir de situações difíceis".  

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O que é Humildade?

por John Piper

 Em 1908, o escritor inglês G. K. Chesterton descreveu o embrião da cultura que hoje chamamos de pós-modernismo. Este já é um termo desgastado. Algum dia, os leitores o pesquisarão em um livro de História. Uma das características de seu “relativismo vulgar” (conforme o chama Michael Novak) é o erro grave de tomar a palavra arrogância para referir-se à convicção e humildade para referir-se à dúvida. Chesterton viu a chegada do pós-modernismo:

O que sofremos hoje é de humildade no lugar errado. A modéstia se afastou do setor da ambição e se estabeleceu na área das convicções, o que nunca deveria ter acontecido. Um homem devia mostrar-se duvidoso a respeito de si mesmo, mas não a respeito da verdade; isto foi invertido completamente. Hoje, aquilo no qual o homem confia é exatamente aquilo em que ele não deveria confiar — nele mesmo. Aquilo que ele duvida é exatamente o que ele não deveria duvidar — a razão divina... O cético moderno propõe ser tão humilde que duvida se pode aprender... Existe uma humildade característica de nossa época; acontece, porém, que ela é uma humildade mais venenosa do que as mais severas prostrações dos ascéticos... A velha humildade fazia que o homem duvidasse de seus esforços, e isto, por sua vez, o levaria a trabalhar com mais empenho. Mas a nova humildade torna o homem duvidoso a respeito de seus alvos; e isto o faz parar de trabalhar completamente... Estamos a caminho de produzir uma raça de homens tão mentalmente modestos que serão incapazes de acreditar na tabuada de multiplicação.

Vemos isso, por exemplo, no ressentimento para com os crentes que expressam a convicção de que os judeus (como as outras pessoas) precisam crer em Jesus, para serem salvos. A reação mais comum a esta convicção é que os crentes são arrogantes. A humildade contemporânea está firmemente arraigada no relativismo que evita conhecer a verdade e especificar o erro. Mas isto não é o que a humildade costumava significar.

Se a humildade não é aquiescência às exigências populares do relativismo, então, o que é humildade? Isto é importante, pois a Bíblia diz: “Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça” (1 Pe 5.5); e: “Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado” (Lc 14.11). A humildade, portanto, é sobremodo importante. Deus nos diz pelo menos cinco coisas a respeito da humildade:

1. A humildade começa com um senso de submissão a Deus, em Cristo. “O discípulo não está acima do seu mestre, nem o servo, acima do seu senhor” (Mt 10.24). “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus” (1 Pe 5.6).

2. A humildade não sente que tem o direito de receber melhor tratamento do que o tratamento dado a Jesus. “Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?” (Mt 10.25.) Por conseguinte, a humildade não paga o mal com o mal. Não é uma vida baseada nos direitos percebidos. “Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos... quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1 Pe 2.21-23).

3. A humildade afirma a verdade não para apoiar o “eu” com o domínio e triunfos dos debates, mas como um serviço prestado a Cristo e expressão de amor para com o adversário. O amor “regozija-se com a verdade” (1 Co 13.6). “O que vos digo às escuras... Não temais” (Mt 10.27,28). “Não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus” (2 Co 4.5).

4. A humildade sabe que depende da graça de Deus para conhecer e crer. “Que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?” (1 Co 4.7.) “Acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma” (Tg 1.21).

5. A humildade sabe que é falível; por isso, reflete sobre o criticismo e aprende dele. Mas também sabe que Deus fez provisão para a convicção humana e nos convoca a persuadir os outros.

Agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido (1 Co 13.12).

O sábio dá ouvidos aos conselhos (Pv 12.15).

Conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens (2 Co 5.11).

terça-feira, 11 de junho de 2013

Posicionamento oficial da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil a respeito de Objetivos Estratégicos do Plano Nacional dos Direitos Humanos (PNDH) que tratam da família‏

A Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, entidade que congrega os mais de 13.640 (Treze Mil Seiscentos e Quarenta), Pastores das Igrejas Batistas do território brasileiro, vem diante do público para se manifestar a respeito de Objetivos Estratégicos do Plano Nacional dos Direitos Humanos que redefinem a família.
CONSIDERANDO
a.. que os conceitos presentes no texto do PNDH confrontam e questionam de forma violenta e direta os valores e preceitos da Bíblia, norteadores da Igreja Cristã ao longo de sua história, sobretudo nas tentativas de descaracterizar a base da família e do casamento, que, a partir dos mais elementares princípios, têm sido o fundamento da construção da sociedade a partir do casal, homem (macho) e mulher (fêmea), que constitui o fundamento, base da família. 
b.. que os conceitos presentes no texto do PNDH confrontam e questionam de forma violenta e direta os valores e preceitos disciplinados pela Constituição Federal que define o casamento como a união estável entre homem e mulher, conforme estabelece seu Art. 226, quando afirma que “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.” e em seu § 3º, que normatiza que, “para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.”, que foi regulamentado pela Lei Nº 9.278, DE 10 DE MAIO DE 1996, ao afirmar em seu Art. 1º que “é reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família.” 
c.. a gravidade dos assuntos que estão sendo apreciados em anteprojetos de leis, os quais têm reflexos externos, imediatos e contundentes na família que é e sempre foi no dizer, de Rui Barbosa "a célula mater da sociedade", tendo em vista estarem sendo fissurados os valores éticos e morais da sociedade, das organizações cristãs, e, sobretudo da Igreja de um modo em geral; 
d.. que iniciativas acolhidas pelas Diretrizes do PNDH tal como o Projeto de Lei da Câmara dos Deputados nº 122/2006 (Projeto de Lei nº 5003/2001), em tramitação no Senado Federal, que define como crime toda e qualquer manifestação contrária à orientação sexual da homossexualidade, afrontado de forma violenta e direta o Artigo 5º da Constituição Federal , ao tratar dos direitos e garantias fundamentais, afirmando que (Inciso IV) é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; e que (Inciso VI) é inviolável a liberdade de consciência e de crença .... Além do mais, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 expressa em seu Artigo 18 que todo homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião... e no Artigo 19 que toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras; 
e.. que o Inciso IX , do Art. 5º, da Constituição Federal , impede de maneira expressa e taxativa qualquer forma de censura, sem exceção, conforme assim disciplinado, outorgando à Carta Magna e à Lei Federal, a condição de estabelecer os meios legais que garantam aos indivíduos de per si, e às famílias, a possibilidade de se defenderem de investidas que subvertem à ordem, à moral e aos bons costumes que deram fundamento à construção estável de nossa sociedade; 
f.. que os dispositivos constitucionais garantem a defesa da instituição familiar, não podendo ser desrespeitados os valores éticos, morais e sociais, nem da pessoa, nem da família, sendo este um corolário da liberdade constitucional de cada brasileiro, de poder se expressar e de manifestar seu pensamento; 
g.. que a Bíblia no Evangelho de Marcos (10.6) diz claramente que Deus criou homem e mulher (macho e fêmea), figuras principais e fundamentais para a criação do núcleo familiar, determinando inclusive, que ambos formem uma só carne, e ratificando numa demonstração de integridade e de unicidade da Bíblia, o que está disposto em Gênesis (capítulos 1 e 2), deixando bem clara a possibilidade de procriação e de multiplicação da espécie humana, que só pode se evidenciar plenamente por intermédio da conjunção carnal de um homem (de um macho) com mulher (com uma fêmea), quando se efetiva a fecundação do óvulo com o espermatozoide; 
h.. que a ética do evangelho nos desafia a uma relacionamento saudável respeitoso com Deus, conosco e com o próximo; sem sectarismo, mas com consciência das diferenças e das preferências do gênero humano, que não devem agredir e nem sofrer quaisquer agressões; tendo cada um, no exercício de seu arbítrio, a liberdade de fazer escolhas, empreender ações e construir a vida, sem prescindir dos direitos e deveres que lhe sejam inerentes.
MANIFESTAMOS nossa posição contrária à redefinição da família incentivada no PNDH que se distancia frontalmente dos preceitos bíblicos e do que é estabelecido na própria Constituição Federal.
Assim, CONCLAMAMOS
a.. os representantes do povo no Congresso Nacional que se posicionem a favor da manutenção dos ideais expressos em nossa Constituição Federal, rejeitando qualquer dispositivo que subverta a constituição da família conforme preceitua a referida Constituição e a Bíblia; 
b.. as demais instâncias da República, cidadãos e líderes de instituições sociais, que se unam em defender a manutenção saudável da família que, ao longo da história, tem sido o esteio de nossa sociedade; 
c.. aos Pastores Batistas que continuem ensinando claramente os preceitos bíblicos sobre a família, garantindo, assim, o esclarecimento do povo de Deus que vive nesta Nação, bem como suas Igrejas e comunidades de modo a demonstrar a sociedade os benefícios que a família, biblicamente constituída, vem trazendo ao longo da história.

Rio de Janeiro, Maio de 2013. 

Pr. Estevam Fernandes de Oliveira
Presidente

Pr. Augusto Rodrigues
Diretor Executivo

domingo, 2 de junho de 2013

Culto ou Show? É Hora do Espetáculo!


Quando Charles Spurgeon nos advertiu a respeito daqueles que “gostaria de unir igreja e palco, baralho e oração, danças e ordenanças”, foi menosprezado como um alarmista. Mas a profecia de Spurgeon se cumpriu diante de nossos olhos.

As igrejas modernas são construídas assemelhando-se a teatros. Em lugar do púlpito, o enfoque está no palco. As igrejas estão contratando, em regime de tempo integral, especialistas em mídia, consultores de programação, diretores de cena, professores de teatro, peritos em efeitos especiais e coreógrafos. Tudo isso não passa da extensão natural de uma filosofia norteada por marketing seguida pelas igrejas.

Afinal, a maior competição para a igreja é um mundo repleto de diversões seculares e uma gama de bens e serviços mundanos. Portanto, dizem os especialistas de marketing, jamais conquistaremos as pessoas até que desenvolvamos formas alternativas de entretenimento a fim de ganhar-lhes a atenção e a lealdade, desviando-as das ofertas do mundo.

Desta forma, esse alvo estipula a natureza da campanha de marketing. E o que há de errado nisso? Por um lado, a igreja não deveria mercadejar seu ministério, como sendo uma alternativa aos divertimentos seculares (I Ts. 3:2-6). Isto acaba corrompendo e barateando a verdadeira missão da igreja.

Não somos apresentadores de carnaval, ou vendedores de carros usados, ou camelôs. Somos embaixadores de Cristo (II Co 5:20). Conhecendo o temor do Senhor, motivados pelo amor a Cristo, tendo sido completamente transformados por Ele, imploramos aos pecadores que se reconciliem com Deus.

Também, em lugar de confrontar o mundo com a verdade de Cristo, as megaigrejas norteadas por marketing estão promovendo com entusiasmo as piores técnicas da cultura secular. Alimentar o apetite das pessoas por entretenimento apenas agrava o problema das emoções insensatas, da apatia e do materialismo.

Com toda franqueza, é difícil conceber uma filosofia de ministério mais contrária ao padrão que o Senhor nos confiou. Proclamar e expor a Palavra, visando o amadurecimento e a santidade dos crentes deveria ser âmago do ministério de toda igreja. Se o mundo olha para a igreja e vê ali um centro de entretenimento, estamos transmitindo a mensagem errada. Se os cristãos enxergam a igreja como um salão de diversões, a igreja morrerá.

Uma senhora, inconformada com sua igreja, que tinha abraçado todas essas excentricidades modernas, queixou-se recentemente: “Quando é que a igreja vai parar de tentar entreter os bodes e voltar a alimentar as ovelhas?”. Nas Escrituras, nada indica que a igreja deveria atrair as pessoas a virem a Cristo através do apresentar o Cristianismo como uma opção atrativa.

Quanto ao evangelho, nada é opcional: “E não há salvação em nenhum outro; porque debaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4.12). Tampouco o evangelho tem o objetivo de ser atraente, no sentido do marketing moderno. Frequentemente a mensagem do evangelho é uma “pedra de tropeço e rocha de escândalo” ( I Pedro 2.8). O evangelho é perturbador, chocante, transtornador, confrontador, produz convicção de pecado e é ofensivo ao orgulho humano. Não há como “fazer marketing” do evangelho bíblico. Aqueles que procuram remover a ofensa, ao torná-lo entretenedor, inevitavelmente corrompem e obscurecem os pontos cruciais da mensagem.

John MacArthur

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Eu sou só um… [complete a lacuna]


por David Murray

“Eu sou só um encanador”. “Eu sou só uma dona de casa”. “Eu sou só uma secretária”. “Eu sou só um vendedor”. “Eu sou só um contador”.

As pessoas dizem  o tempo todo esse tipo de coisa para pastores.

O que está implícito nessas afirmações?

Seu trabalho é um chamado divino, mas o meu não.

Meu trabalho não é tão importante quanto o seu.

Você é mais valioso para Deus que eu.

Eu queria poder servir a Deus mais de uma vez por semana.

O que está na raiz de tudo isso é uma visão antibíblica da vocação, a ideia errônea de que apenas chamados ministeriais são chamados divinos, de que somente trabalho ministerial é trabalho de verdade, de que somente trabalho notoriamente cristão é um trabalho digno.

Como o trabalho ocupa a maior parte do nosso tempo, essas mentiras têm efeitos altamente destrutivos e negativos sobre nós.

Se você já disse ou pensou tais coisas, eu te encorajo a começar a enxergar seu trabalho pelas lentes de Romanos 11.36:

“Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, [seja] a ele eternamente.  Amém”.
TODAS AS COISAS, sim, até mesmo seu trabalho:

É de Deus: Seu trabalho vem de Deus, é chamado dEle. Ele te deu o trabalho, Ele te planejou para isso, e Ele chamou você para realizá-lo hoje.

É por Deus: Você faz seu trabalho na dependência de Deus, buscando somente nEle orientação, proteção, força e bênçãos. E se fizer isso, você pode estar fazendo seu trabalho com mais fé que alguns homens em seus púlpitos!

É para Deus: você faz seu trabalho para a glória de Deus. Você trabalha como se Ele fosse seu patrão, seu gerente, seu chefe. Você lava pratos como se Ele fosse comer neles. Você desobstrui ralos como se estivesse na casa dEle, etc.

Isso não transforma positivamente a maneira como você enxerga seu trabalho e mesmo a si mesmo?

Quando você corta grama: “DEle, por Ele, para Ele”.
Quando você troca fraldas: “DEle, por Ele, para Ele”.
Quando você estuda álgebra: “DEle, por Ele, para Ele”.

O ministério não é o chamado mais elevado. O trabalho que Deus te deu é o chamado mais elevado. 

O ministério é o chamado mais elevado apenas para aqueles que Deus chamou ao ministério (e, como Paulo disse, Deus normalmente chama os menores de todos os santos para esse trabalho). Mas se Deus chamou você para outro tipo de trabalho, então esse é o Seu chamado para você.

Algo menos que essa igualdade de chamados é retornar à elevação pré-Reforma do trabalho “sagrado” acima do trabalho “secular”.

Martinho Lutero escreveu: “O trabalho dos monges e sacerdotes [podemos acrescentar: "pastores e missionários”], tão santo e árduo quanto é, não difere nem um pouco à vista de Deus do trabalho do lavrador rústico no campo ou da mulher cuidando de suas tarefas domésticas, mas todas as obras são julgadas diante de Deus pela fé somente”.

William Perkins, o puritano inglês, disse: “O ato de um pastor cuidando das ovelhas… é uma obra tão boa diante de Deus quanto os atos de um juiz em dar sentença, ou de um magistrado em governar, ou de um ministro em pregar”.

Isso não é diminuir o ministério, ou rebaixá-lo. É erguer todos os outros chamados à elevada e santa posição de dignidade e importância que Deus lhes deu.

Você não é “só” algo ou nada. Você é o que Deus fez você ser e hoje você está fazendo o que Deus te chamou para fazer.  E isso muda tudo.

Traduzido por Josaías Jr | iPródigo.com | Original aqui

quarta-feira, 17 de abril de 2013

O Dízimo do Homem Livre


Dízimo é a palavra que sempre vem à mente dos descrentes quando o assunto são os desvios do povo evangélico. Também, pudera! Desde que surgiram as igrejas neopentecostais e o meio protestante foi infiltrado por toda espécie de exploradores, nenhuma outra ferramenta tem sido usada de forma tão maligna para arrancar até os olhos dos pobres ignorantes do que o dízimo.

Os excessos são variados, chegando ao ponto de provocar riso: um pastor disse que quem pecou uma vez ganhando dinheiro desonesto não deve pecar de novo deixando de dar o dízimo desse mesmo dinheiro; outro fez uma promoção em sua igreja, baixando o dízimo para 5%, a fim de desbancar a concorrência. Isso sem falar nos estelionatários da fé que fazem do dízimo moeda de troca, ensinando que quanto maior for a oferta, mais abençoado será o ofertante, pois, segundo eles, Deus verá nesse gesto uma fé de primeira linha, digna de recompensa especial. O trouxa que acredita nisso vende até a única casinha que tem e dá todo o dinheiro para a igreja, pensando que assim será capaz de manipular Deus na forma como ele administra sua graça.

Em meio a tanta distorção, como o crente de verdade deve entender o ensino bíblico sobre o dízimo? É muito simples. Na Bíblia, o dízimo aparece já antes do advento da Lei Mosaica, sendo oferecido de forma voluntária por Abraão e Jacó (Gn 14.20; 28.22). Séculos mais tarde, porém, Deus elevou essa prática à categoria de obrigação e a impôs sobre todo o povo de Israel.

De fato, a Lei de Moisés exigia que os israelitas entregassem o dízimo de tudo aos levitas (Hb 7.5). A mesma lei fixava ocasiões em que o próprio ofertante podia participar das dádivas que havia separado (Dt 14.22-26).

Nos dias de Jesus essa norma ainda vigorava (Gl 4.4) e o Mestre a aprovou (Mt 23.23). Porém, com sua morte, uma nova fase começou. A Nova Aliança, diferente da mosaica, apontando Cristo como o novo sumo sacerdote diante de Deus, trouxe mudança de lei (Hb 7.12), livrando o crente das exigências do código imposto a Israel no deserto (2Co 3.7-11; Gl 3.19, 23-25; Ef 2.14-15; Cl 2.13-14; Hb 7.18-19; 8.6-7,13).

Assim, não pesa mais sobre o crente nenhum dever legal de dar o dízimo. Sob a Nova Aliança inaugurada por Cristo na cruz, ele é livre de regras acerca de como seus recursos devem ser aplicados na obra de Deus.

Aqui surge a pergunta: se o cristão está livre da norma mosaica sobre o dízimo, por que as igrejas bíblicas têm em seus cultos o momento do ofertório, quando os membros entregam suas dádivas ao Senhor?

É simples: sob a Nova Aliança, o crente é estimulado pelo Espírito Santo que nele habita a cumprir espontaneamente a justiça que há na Lei (Rm 7.4-6; 8.3-4; Hb 8.10-12). Por isso, todo crente genuíno se vê impelido por Deus a honrá-lo com recursos materiais a fim de que a causa do Senhor seja mantida neste mundo. O homem salvo, porém, faz isso livremente, cheio de alegria no coração, sem barganhar com Deus e sem ter de ser ameaçado ou forçado por falsos pastores.

Os dízimos e ofertas atuais do povo de Deus são, portanto, como os dízimos de Abraão e Jacó, santos que serviram a Deus livres da Lei e, com gratidão e entusiasmo, longe de opressões e temores, usaram seus bens materiais para a glória do Senhor, fonte, proprietário e alvo de tudo que o homem tem nesta vida.

Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria  

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Resposta a carta de uma jovem noiva cristã sobre amor, dúvidas, e decisões


Texto da resposta a carta de uma jovem noiva cristã sobre amor, dúvidas, e decisões. Imagina como estou me sentindo em relação ao casamento que é algo que não posso mudar!”

Querida ...,
Bênçãos.
Perdoe-me a demora. Somente retirei os e-mails da casa do Davi nestes dias.
Realmente, você deve estar passando por um tempo aflitivo nessa área. É bom que tenha escrito.
Logo de início, você fala sobre a dúvida como se ela fosse sua velha companheira. Acho que você acertou bem no ponto. A dúvida, em si mesma, não é algo errado. É ela que nos ajuda a distinguir a verdade da mentira, o certo do errado. A dúvida é a suspeita sadia que experimentamos a fim de não sermos enganados pelas falsidades da vida, e que impede que enganemos a nós mesmos. A isso, nós chamamos de fé arrependida, isto é, deixamos de confiar em nós mesmos (em nosso conhecimento humano baseado numa percepção decaída da realidade). A Bíblia diz, por exemplo, que os crentes de Beréia eram mais nobres porque consultavam a Escritura para ver como as coisas eram na realidade.

No entanto, há uma ocorrência pecaminosa da dúvida, a qual deveria ser retirada do nosso coração. De onde ela vem? Há diversas possibilidades, as quais, com tempo e empenho, não será difícil de serem descobertas, mas que representam o peso maior na redenção do problema. Ela pode ter sido gerada por uma série de causas diversas: pela superproteção recebida na infância, pela carência de amadurecimento relacional por causa da falta de exercício na tomada de decisões (talvez, os outros sempre tenham decidido por você), pela ausência de necessidades (tudo estava aí), e pelo medo de assumir responsabilidades devido ao medo de “dar errado”, de ser criticada etc. Como eu disse, é importante saber essas coisas para saber como combater a dúvida, mas isso não significa, exatamente, analisar os detalhes, se você tiver uma boa noção geral das causas. Creio que você tem alguma idéia de onde e de como a sua dúvida tem sido construída.

Especialmente, agora que a dúvida envolve não só uma escolha individual, mas implica a vida do ... (e, por extensão, sua família e a dele), você tem mais medo. É justo. Antes, algumas decisões eram sem importância, como sorvete, sapato, viagens, e, outras, importantes, como faculdade e profissão, mas você poderia sempre assumir dar um jeito nas conseqüências, ou lançar a responsabilidade da escolha sobre alguém mais. Você diz: “Imagina como estou me sentindo em relação ao casamento que é algo que não posso mudar!” De fato, agora, a decisão envolve o amor, e o amor diz respeito aos seus sonhos mais profundos e à pessoa que você ama, sem a presença da responsabilidade das famílias. Assim, é bom que você examine bem a Palavra de Deus para orientá-la quanto à dúvida e para transformar a dúvida em esperança.

A dúvida, segundo Tiago, está ligada à falta de fé (não tome isso como um mal sem remédio, mas como uma constatação honesta). No cap. 1 de sua carta, Tiago diz: Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes. Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.  Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa; homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos.

Observe que há um raciocínio aí. Examinando o raciocínio do fim para o início, fica assim: a dúvida que nos deixa com duplicidade de ânimo (ora quer ora não quer) nos faz inconstantes em relação ao nosso próprio padrão de fidelidade e de lealdade, e impede-nos de conhecer a boa vontade do Senhor para nossa vida. Aquilo que se pede a Deus deve ser pedido com sabedoria, isto é, com conhecimento da verdade e da realidade das coisas (do que é amor, fé e esperança, por exemplo), e com discernimento espiritual do que é a vontade humana e do que é a vontade boa e agradável de Deus (leia, agora mesmo, se possível, em voz alta, o trecho de Romanos 12.1-3). Finalmente, a sabedoria é algo que Deus dá liberalmente, sem jamais negar (lembra-se da oração de Salomão, pedindo sabedoria a Deus?).

A sabedoria é definida na Palavra como sendo o temor do Senhor (Pv.1.7), e provém do conhecimento dele revelado na Escritura e experimentado em obediente e amorosa comunhão. De uma maneira muito coerente, o amor afasta o medo que produz a dúvida. No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo —- diz João. “Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque ele nos amou primeiro" (1 Jo 4.18.19).

Primeiro, ..., você terá de deixar que Deus mude seu entendimento sobre o que você conhece a respeito do significado do amor. Amar não é o mesmo que estar apaixonada. Nem sempre você está apaixonada, isto é, dominada pelos sentimentos do coração (complexo de corpo e alma; às vezes, você tem de se esforçar para amar as pessoas às quais você já está ligada por compromisso de sangue ou espiritual). Amar, em termos de casamento (veja Gênesis 2), é (1) um compromisso de fazer o bem sem esperar nada em troca (amar primeiro), (2) um pacto entre três pessoas (os cônjuges e Deus) de exclusividade (deixar bem as coisas com pai e mãe), de fidelidade à missão do casamento (unir-se ao cônjuge) e de fidelidade ao outro (ser uma só carne); e uma (3) disposição para  dar e receber segundo a função que Deus deu ao homem e à mulher. Tudo isso fala de um início do amor por meio do compromisso, e só depois, da experiência de ser amada. Você jamais se sentirá amada se não amar primeiro.

Essas coisas não dizem respeito só ao projeto do casamento, mas à totalidade da vida, sendo como um princípio de fé —- a qual é oposta à dúvida. E esse é o nosso segundo ponto.

Amo?... Não amo?... Longe eu amo, perto, não sei... Diante de problemas com figuras em autoridade, acho que amo... agora, não sei... Não sinto paixão... Já senti...” Seu coração parece estar numa montanha russa, não é? A grande pergunta, ..., é: Onde está o ponto de atração de sua vida? Noutras palavras, quem é o seu salvador. Quem a redimirá das escolhas malfeitas, da dor de ficar sozinha sem curtir aquilo que aprendeu à guisa de amor, romântico, meio frustrado, ainda que seguro e certo? De onde vem a voz que a motiva? Se você espera que o ...  seja o seu salvador, mais ou menos como seu pai, mas sem as coisas das quais você não gosta, isso não irá ocorrer. Tanto porque ... não é Deus, quanto porque você não é deusa para controlar ninguém em favor da sua felicidade.

O que a Bíblia diz a respeito disso, é que você deve depositar a sua fé em Deus, agradar-se dos caminhos dele, para que seu coração se satisfaça com o destino dos seus passos. A questão não é se o ... é o homem certo para você (essa é a questão dele), mas se você está disposta a ser a mulher que Deus quer para ele. Se você se entrega a ele e ele por você, sendo que o casamento é uma trindade de vocês e Deus – Deus garantirá o suprimento necessário para que o amor seja constante. Deus é o criador do homem e da mulher, o instituidor do casamento, o pai da noiva, e o oficial de paz.

Agora, de onde vem a tristeza? Ela é gerada pela dúvida causada pelo medo? Sim, de certo modo. Mais precisamente, a fé colocada em qualquer outra coisa que não Deus gera a instabilidade que causa o medo que impede o amor. Durante toda a sua vida, você se habituou com a atitude de dúvida, tanto que passou a acalentá-la. O coração imagina: “Se eu não tiver dúvida, terei de assumir a responsabilidade da minha decisão. A dúvida é minha amiga no sentido de que, se a minha escolha for errada, sempre terei nela a minha justificativa”.

Deus, contudo, quer que você pense da maneira como o Espírito Santo inspirou a Paulo em Romanos 5.1-5: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado”.

Isso quer dizer que não precisamos de justificativas, pois somos e estamos justificados por Deus por meio de Cristo. Cristo é a garantia da nossa felicidade, não nós ou qualquer outra pessoa (nem seus pais nem ...). O que é necessário fazer é causar impacto no outro com a glória de Deus por meio de fé colocada em sua graça (em fé, esperança e amor - veja meu livro Aconselhamento Redentivo), e não produzir o nosso próprio impacto a fim de manipular as pessoas para conseguir ser amada. Uma vez que amemos primeiro, conseguiremos perseverar através dos medos (que todos sentimos, e você e o ... também), e experimentar o conhecimento (de Deus, primeiro, e depois, do outro). Essa experiência de conhecimento produz a esperança de você também ser conhecida. Uma esperança que não duvida nem confunde, porque o amor de Deus é derramado no coração pelo próprio Espírito Santo.

Como você vê, ..., nós podemos viver nos sonhos escuros do medo ou na realidade clara da graça de Deus. Para que você seja feliz, terá de confiar que é amada por Deus e que ele tem amor de sobra para dar a você a fim de que você ame o .... A paixão deixa dúvidas porque ela se baseia em sentimentos (os quais podem ser alterados por condições físicas e emocionais temporárias), mas o amor de Deus se baseia em fatos percebidos pela fé somente: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele .... pois, se o nosso coração nos acusar, certamente, Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas. Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus; e aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável. Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou(João 4.1-7; 3.20-23).

Em Cristo,

Wadislau

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