quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Resposta a carta de uma jovem noiva cristã sobre amor, dúvidas, e decisões


Texto da resposta a carta de uma jovem noiva cristã sobre amor, dúvidas, e decisões. Imagina como estou me sentindo em relação ao casamento que é algo que não posso mudar!”

Querida ...,
Bênçãos.
Perdoe-me a demora. Somente retirei os e-mails da casa do Davi nestes dias.
Realmente, você deve estar passando por um tempo aflitivo nessa área. É bom que tenha escrito.
Logo de início, você fala sobre a dúvida como se ela fosse sua velha companheira. Acho que você acertou bem no ponto. A dúvida, em si mesma, não é algo errado. É ela que nos ajuda a distinguir a verdade da mentira, o certo do errado. A dúvida é a suspeita sadia que experimentamos a fim de não sermos enganados pelas falsidades da vida, e que impede que enganemos a nós mesmos. A isso, nós chamamos de fé arrependida, isto é, deixamos de confiar em nós mesmos (em nosso conhecimento humano baseado numa percepção decaída da realidade). A Bíblia diz, por exemplo, que os crentes de Beréia eram mais nobres porque consultavam a Escritura para ver como as coisas eram na realidade.

No entanto, há uma ocorrência pecaminosa da dúvida, a qual deveria ser retirada do nosso coração. De onde ela vem? Há diversas possibilidades, as quais, com tempo e empenho, não será difícil de serem descobertas, mas que representam o peso maior na redenção do problema. Ela pode ter sido gerada por uma série de causas diversas: pela superproteção recebida na infância, pela carência de amadurecimento relacional por causa da falta de exercício na tomada de decisões (talvez, os outros sempre tenham decidido por você), pela ausência de necessidades (tudo estava aí), e pelo medo de assumir responsabilidades devido ao medo de “dar errado”, de ser criticada etc. Como eu disse, é importante saber essas coisas para saber como combater a dúvida, mas isso não significa, exatamente, analisar os detalhes, se você tiver uma boa noção geral das causas. Creio que você tem alguma idéia de onde e de como a sua dúvida tem sido construída.

Especialmente, agora que a dúvida envolve não só uma escolha individual, mas implica a vida do ... (e, por extensão, sua família e a dele), você tem mais medo. É justo. Antes, algumas decisões eram sem importância, como sorvete, sapato, viagens, e, outras, importantes, como faculdade e profissão, mas você poderia sempre assumir dar um jeito nas conseqüências, ou lançar a responsabilidade da escolha sobre alguém mais. Você diz: “Imagina como estou me sentindo em relação ao casamento que é algo que não posso mudar!” De fato, agora, a decisão envolve o amor, e o amor diz respeito aos seus sonhos mais profundos e à pessoa que você ama, sem a presença da responsabilidade das famílias. Assim, é bom que você examine bem a Palavra de Deus para orientá-la quanto à dúvida e para transformar a dúvida em esperança.

A dúvida, segundo Tiago, está ligada à falta de fé (não tome isso como um mal sem remédio, mas como uma constatação honesta). No cap. 1 de sua carta, Tiago diz: Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes. Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.  Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa; homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos.

Observe que há um raciocínio aí. Examinando o raciocínio do fim para o início, fica assim: a dúvida que nos deixa com duplicidade de ânimo (ora quer ora não quer) nos faz inconstantes em relação ao nosso próprio padrão de fidelidade e de lealdade, e impede-nos de conhecer a boa vontade do Senhor para nossa vida. Aquilo que se pede a Deus deve ser pedido com sabedoria, isto é, com conhecimento da verdade e da realidade das coisas (do que é amor, fé e esperança, por exemplo), e com discernimento espiritual do que é a vontade humana e do que é a vontade boa e agradável de Deus (leia, agora mesmo, se possível, em voz alta, o trecho de Romanos 12.1-3). Finalmente, a sabedoria é algo que Deus dá liberalmente, sem jamais negar (lembra-se da oração de Salomão, pedindo sabedoria a Deus?).

A sabedoria é definida na Palavra como sendo o temor do Senhor (Pv.1.7), e provém do conhecimento dele revelado na Escritura e experimentado em obediente e amorosa comunhão. De uma maneira muito coerente, o amor afasta o medo que produz a dúvida. No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo —- diz João. “Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque ele nos amou primeiro" (1 Jo 4.18.19).

Primeiro, ..., você terá de deixar que Deus mude seu entendimento sobre o que você conhece a respeito do significado do amor. Amar não é o mesmo que estar apaixonada. Nem sempre você está apaixonada, isto é, dominada pelos sentimentos do coração (complexo de corpo e alma; às vezes, você tem de se esforçar para amar as pessoas às quais você já está ligada por compromisso de sangue ou espiritual). Amar, em termos de casamento (veja Gênesis 2), é (1) um compromisso de fazer o bem sem esperar nada em troca (amar primeiro), (2) um pacto entre três pessoas (os cônjuges e Deus) de exclusividade (deixar bem as coisas com pai e mãe), de fidelidade à missão do casamento (unir-se ao cônjuge) e de fidelidade ao outro (ser uma só carne); e uma (3) disposição para  dar e receber segundo a função que Deus deu ao homem e à mulher. Tudo isso fala de um início do amor por meio do compromisso, e só depois, da experiência de ser amada. Você jamais se sentirá amada se não amar primeiro.

Essas coisas não dizem respeito só ao projeto do casamento, mas à totalidade da vida, sendo como um princípio de fé —- a qual é oposta à dúvida. E esse é o nosso segundo ponto.

Amo?... Não amo?... Longe eu amo, perto, não sei... Diante de problemas com figuras em autoridade, acho que amo... agora, não sei... Não sinto paixão... Já senti...” Seu coração parece estar numa montanha russa, não é? A grande pergunta, ..., é: Onde está o ponto de atração de sua vida? Noutras palavras, quem é o seu salvador. Quem a redimirá das escolhas malfeitas, da dor de ficar sozinha sem curtir aquilo que aprendeu à guisa de amor, romântico, meio frustrado, ainda que seguro e certo? De onde vem a voz que a motiva? Se você espera que o ...  seja o seu salvador, mais ou menos como seu pai, mas sem as coisas das quais você não gosta, isso não irá ocorrer. Tanto porque ... não é Deus, quanto porque você não é deusa para controlar ninguém em favor da sua felicidade.

O que a Bíblia diz a respeito disso, é que você deve depositar a sua fé em Deus, agradar-se dos caminhos dele, para que seu coração se satisfaça com o destino dos seus passos. A questão não é se o ... é o homem certo para você (essa é a questão dele), mas se você está disposta a ser a mulher que Deus quer para ele. Se você se entrega a ele e ele por você, sendo que o casamento é uma trindade de vocês e Deus – Deus garantirá o suprimento necessário para que o amor seja constante. Deus é o criador do homem e da mulher, o instituidor do casamento, o pai da noiva, e o oficial de paz.

Agora, de onde vem a tristeza? Ela é gerada pela dúvida causada pelo medo? Sim, de certo modo. Mais precisamente, a fé colocada em qualquer outra coisa que não Deus gera a instabilidade que causa o medo que impede o amor. Durante toda a sua vida, você se habituou com a atitude de dúvida, tanto que passou a acalentá-la. O coração imagina: “Se eu não tiver dúvida, terei de assumir a responsabilidade da minha decisão. A dúvida é minha amiga no sentido de que, se a minha escolha for errada, sempre terei nela a minha justificativa”.

Deus, contudo, quer que você pense da maneira como o Espírito Santo inspirou a Paulo em Romanos 5.1-5: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado”.

Isso quer dizer que não precisamos de justificativas, pois somos e estamos justificados por Deus por meio de Cristo. Cristo é a garantia da nossa felicidade, não nós ou qualquer outra pessoa (nem seus pais nem ...). O que é necessário fazer é causar impacto no outro com a glória de Deus por meio de fé colocada em sua graça (em fé, esperança e amor - veja meu livro Aconselhamento Redentivo), e não produzir o nosso próprio impacto a fim de manipular as pessoas para conseguir ser amada. Uma vez que amemos primeiro, conseguiremos perseverar através dos medos (que todos sentimos, e você e o ... também), e experimentar o conhecimento (de Deus, primeiro, e depois, do outro). Essa experiência de conhecimento produz a esperança de você também ser conhecida. Uma esperança que não duvida nem confunde, porque o amor de Deus é derramado no coração pelo próprio Espírito Santo.

Como você vê, ..., nós podemos viver nos sonhos escuros do medo ou na realidade clara da graça de Deus. Para que você seja feliz, terá de confiar que é amada por Deus e que ele tem amor de sobra para dar a você a fim de que você ame o .... A paixão deixa dúvidas porque ela se baseia em sentimentos (os quais podem ser alterados por condições físicas e emocionais temporárias), mas o amor de Deus se baseia em fatos percebidos pela fé somente: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele .... pois, se o nosso coração nos acusar, certamente, Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas. Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus; e aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável. Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou(João 4.1-7; 3.20-23).

Em Cristo,

Wadislau

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