Através do séculos, os cristãos têm se deparado com esta pergunta
inquietante: como devemos viver como cristãos em uma cultura secular?
Essa pergunta atinge o âmago do discipulado cristão, do significado do
evangelho e dos desafios da igreja neste século, assim como nos tempos
anteriores.
Chamada do mundo como um “povo especial” e encarregada de ser sal e luz,
em mundo rebelde, que está nas trevas, a igreja tem lutado
perpetuamente com o mandamento de estar “no mundo” e não ser “do mundo”.
Infelizmente, o mundo tem influenciado a igreja mais do que esta o tem
influenciado.
A realidade de nossa vocação e o caráter revolucionário da fé cristã são
mais evidentes no Sermão do Monte. Dirigindo-se aos seus discípulos,
Jesus falou com franqueza e amabilidade, estabelecendo a norma do reino
de Deus em meio a uma cultura rebelde e ímpia.
Os cristãos têm lutado com o significado do Sermão do Monte desde que
aqueles primeiros discípulos ouviram o seu Senhor apresentar esses
ensinos naquela colina pastoril. A dificuldade se resume nisso: há
alguma maneira de escapar do significado evidente do sermão? Aqueles que
cobiçam em seu coração cometem realmente adultério? Devemos mesmo
arrancar os olhos que nos fazem tropeçar e cortar as mãos que pecam?
Devemos sempre oferecer a outra face do rosto e andar a segunda milha,
amar nossos inimigos e bendizer os que nos maldizem?
As palavras de Jesus penetram como o bisturi de um cirurgião até aos
aspectos mais profundo do discipulado cristão. Vivemos dessa maneira?
Com toda a honestidade, a igreja não pode relegar o Sermão do Monte a
uma época posterior, limitar sua aplicação aos primeiros discípulos e
evadir-se de seus ensinos por meio de alegoria e de explicação
infundada. À semelhança de litigantes à procura de brechas em um
contrato, alguns cristãos têm se empenhado por achar uma maneira de
abrandar o impacto do Sermão do Monte e estabelecer um modo de
discipulado mais cômodo e fácil.
No entanto, por mais que o mudemos, não podemos escapar do Sermão do
Monte, pois temos apenas um Senhor, e o sermão é a sua manifestação para
a igreja, sua noiva e seu corpo.
O sermão deve ser entendido como um todo, e suas várias seções não devem
ser removidas de seu contexto. Jesus começa com bênçãos — as
Bem-Aventuranças —, passa aos imperativos morais e, depois, nos ensina a
Oração do Pai Nosso e os aspectos do discipulado na igreja.
Jesus não estava transmitindo um novo legalismo. A salvação é sempre
pela graça, e o Sermão do Monte não é um catálogo de qualidades morais
que nos torna dignos da salvação. Jesus não substituiu o legalismo dos
fariseus com outro legalismo. Em vez disso, ele estava estabelecendo a
norma do reino de Deus e deixando clara a visão moral transformadora de
cidadãos do reino dos redimidos.
Jesus não estava retratando um quadro vívido de uma realidade distante.
Embora o reino não esteja em sua plenitude neste mundo, ele está em
parte e em verdade por meio da pessoa e da obra de Jesus Cristo. Nosso
cumprimento dos imperativos morais e do estilo de vida proposto no
Sermão do Monte é, como a própria salvação, uma questão de graça e não
de fidelidade humana. Contudo, somos todos chamados e recebemos nossas
ordens de marcha. Conforme comentou R. T. France: “O ensino do Sermão do
Monte não é para ser admirado, e sim para ser obedecido”.
A igreja é, como John Stott a descreveu, a “contra-cultura” cristã de
Deus. O Sermão do Monte é a chamada de Cristo a uma contra-revolução
cristã. Nenhuma força da terra pode enfrentar a influência de discípulos
cristãos que dão testemunho da salvação em Jesus Cristo e exibem um
estilo de vida conveniente aos cidadãos do Reino.
É assim que os cristãos travam a guerra cultural. Não com armamentos,
não com artilharia, não com espada, mas com o Espírito. As batalhas têm
de ser travadas nos tribunais, nas escolas e no mercado de idéias.
Todavia, elas são realizadas com o caráter, e não com coerção; com a
verdade, e não com terrorismo. Os contra-revolucionários de Deus portam a
marca do Cristo crucificado e ressurreto e guiam sua vida pelos
preceitos do reino eterno.
O mundo nunca precisou tanto da contra-revolução cristã. Vivendo o
Sermão do Monte, mostraremos ao mundo como viver de um modo diferente –
um modo cuja única explicação é o senhorio incondicional de Jesus
Cristo.
Traduzido por: Wellington Ferreira
Copyright:
© R. Albert Mohler Jr.
Traduzido do original em inglês: Joining the Christian Counter-Revolution.
www.albertmohler.com
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http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=296
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