“... a
nossa conduta deve ser para nós algo que é inevitável em vista do
que cremos. É desse modo que eu gosto de pensar nisso. Se a minha
vida cristã não é totalmente inevitável
para mim, se estou sempre em conflito com ela, lutando e tentando
ficar livre dela, e perguntando por que é tão dura e estreita, se
me acho invejando um pouco pessoas que permanecem no mundo, há algo
radicalmente errado
com minha vida cristã. A conduta e o comportamento cristãos devem
ser inevitáveis – não há argumento que o conteste. E quando
estamos nesta posição, de fato já compreendemos claramente a
questão.
Talvez achemos útil traçar uma distinção entre moralidade e a
vida cristã. Há grande diferença entre ambas. A moralidade
ocupa-se da virtude e retidão da coisa praticada, em si própria em
termos da sua conseqüência social. Ela pergunta: é boa? É má? A
que leva? Como afeta as outras pessoas? Há um sentido em que a
moralidade é algo muito ultrajante para o ser humano porque, em
ultima análise, não está realmente interessada em mim, está
interessada unicamente em meu comportamento. Ah, é nisso que o
cristianismo é tão diferente! O cristianismo está interessado
primordialmente em mim; e está interessado na minha conduta, não em
si mesmo e em termos da sua conseqüência social; está interessada
em minha conduta e comportamento por causa do seu interesse por
Cristo, por Deus, pela igreja, pelo plano de redenção, por todo o
esquema da salvação, pelo fato de que Deus, mediante a igreja,
deixará pasmos os principados e as potestades nas regiões
celestiais. Não a conduta em si, mas a conduta em função deste
esquema grandioso; Deus anulando os efeitos do mal, destruindo as
obras do diabo e restaurando e reunindo numa só todas as coisas em
Cristo. A conduta e o comportamento cristãos sempre tem uma
referência especificamente cristã, e só se concebem corretamente
em termos do grande propósito da redenção.”
“... a
nossa preocupação como povo cristão não deve ser tão somente um
desejo de sermos bons, nem mesmo um desejo de sermos melhores do que
temos sido; não deve ser meramente um desejo de livrar-nos de certos
pecados e ficar nisso, ou de ter felicidade, ou mesmo de alcançar
vitória em nossas vidas; tudo isso é demasiadamente egocêntrico. E
é aí, de novo, onde os ensinos sobre a santidade vão mal. Dizem
eles: você está com problema? - venha à clínica. Está falhando
nalgum ponto? - venha, e
nós o poremos em ordem. O fato é que eles estão partindo de você,
você
é tudo. Não, diz Paulo, a sua preocupação não deve ser essa,
isso irá seguir-se. A nossa preocupação deve ser a de funcionarmos
plena e perfeitamente como membros do corpo de Cristo. O que deve
aborrecer-me não é tanto eu
falhar
ou eu
ter um problema em minha vida, porém eu estar falhando com Ele,
eu estar falhando com a Igreja,
eu estar falhando com Deus
e com o Seu grande e maravilhoso propósito. É tudo demasiado
subjetivo e egocêntrico; temos que ver-nos … como membros em
particular do corpo de Cristo. E esta deve ser a nossa preocupação,
estamos traindo a Deus, por assim dizer, a Deus e a Seu glorioso
propósito; a Igreja
está sendo traída, Cristo
está sendo traído. Ele morreu,
para fazer o seu povo íntegro e completo e aqui estamos nós
falhando! Ah, se tão somente víssemos isso desta maneira! Tantas
vezes vejo que as pessoas estão preocupadas consigo mesmas e com seu
pecado particular! E passam o tempo todo orando para que sejam
libertas desse pecado. Então lhes pergunto: vocês já consideraram
isso em termos do fato de que são membros do corpo de Cristo? E não
fizeram! Sua abordagem tem sido negativa, e por isso continuam
fracassadas. Temos que ser positivos, nosso desejo deve ser proclamar
os louvores dAquele que nos chamou das trevas para Sua maravilhosa
luz. Nosso desejo, nosso objetivo, deve ser expor a glória de Cristo
e de Sua igreja neste mundo presente.”
Extraído de: As trevas
e a Luz, D. Martin Lloyd Jones, PES, SP, 1992, paginas 19, 20 e 21
É muito bom, quando lemos algo que nos chama a reflexão dos reais propósitos de nossas ações!
ResponderExcluir"Quer bebais, quer comais, ou quer façais qualquer outra coisa, façais para a Glória de Deus"